terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Das viagens

Frederick William Flower, Porto, Panorâmica (1849-1859, Arquivo de Documentação Fotográfica / DPIMI/DGPC)
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«Le véritable voyage de découverte ne consiste pas à chercher de nouveaux paysages, mais à avoir de nouveaux yeux».
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Marcel Proust, A La Recherche du Temps Perdu.
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Descobri outro dia esta frase num dos meus blogues preferidos (Do Porto e não só), que agora está em pausa.
Ao ler esta frase fiquei a meditar que gosto muito de viajar (nomeadamente) para locais onde ainda não fui; mas tenho de concordar que ver "velhas" paisagens com outros olhos é também estimulante. Aliás, aprecio regressar ao mesmo sítio várias vezes e reparar em detalhes que antes não tinha reparado, ou nas coisas novas que entretanto surgiram. E também é bom regressar a museus, reler livros, rever filmes, etc.
Ainda outro dia comentava, com uma amiga, que gostaria de voltar ao Porto, porque é uma cidade que ainda não aprendi a apreciar. Para já, nessa cidade, só gosto de Serralves, do Museu Soares dos Reis e do Palácio da Bolsa, para além do vinho do Porto. Acho que preciso de lá voltar com um novo olhar - e aproveitar para ver alguns museus onde nunca fui, nomeadamente a Casa-Oficina António Carneiro e a Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio.
Esta mesma frase fez-me lembrar também o Mister Vertigo que gosta muito de Proust - também nunca li nada desse autor francês e tenho forçosamente de o fazer, está visto.
Por fim, tenho de assumir que julgo que Proust se referia mais às descobertas que podemos fazer mesmo no quotidiano próximo, se o olharmos com novos olhos.

4 comentários:

APS disse...

Eu sugeria uma outra visita: à Casa-Museu Guerra Junqueiro.
Gostei de ler as reflexões do seu poste.
Eu tinha uma visão sombria Porto, que provinha da infância, até que o meu amigo António (de A. M.), uma vez, aqui há uns anos atrás, me levou a conhecer recantos e paisagens deslumbrantes que eu ignorava. Estava Sol, o que também ajudou a que eu ficasse com uma memória muito diferente da que tinha.
Bom dia.

MR disse...

Descobrimos muitas vezes coisas em que não tínhamos reparado em sítios onde já fomos. Ou livros já lidos e em quadros que já conhecemos.
Boa tarde!

Rui Luís Lima disse...

Deitado na cama, no seu quarto, enquanto lutava contra a asma, Proust viajava pela memória, mas a sua última saída de casa foi precisamente para viajar pela pintura de um autor que admirava e assim foi um dos visitantes da exposição dedicada a James Whistler, pintor, por diversas vezes citado por ele na obra "Em Busca do Tempo Perdido". Como refere no seu belo texto ao regressarmos aonde fomos felizes, seja um livro, um filme, um lugar, uma exposição, terminamos sempre por descobrir um pouco mais do universo que nos rodeia.
Muito Boa tarde:-)

Margarida Elias disse...

APS - Também tenho uma imagem sombria do Porto, mas estou convencida que ainda não o vi como deve ser. Boa tarde!

MR - É verdade. Boa tarde!

Mister Vertigo - Boa tarde! :-)