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Hoje o meu sogro faria 82 anos. Fica aqui uma fotografia dele em Leiria, e um excerto de um texto que ele escreveu, de que deixo apenas o início, referente à cidade onde ele nasceu, passou a infância e adolescência:
«João Miguel Fadigas Trindade Elias
• Nascido a 9 de Março de 1939, em Leiria
Filho de Miguel Trindade Elias e de Maria Emilia Jordão Fadigas Trindade Elias comerciantes , e irmão da Quinita (Maria Joaquina).
Os 2 ramos principais da minha muito numerosa familia alargada estavam fixados um na zona de Alcobaça e o outro em Leiria e a norte, nos vales do Lis e Lena.
As minhas raízes provêm desta terra cuja história, situação geográfica, politica, religiosa e social condicionaram a minha formação.
Foi assim que cresci, entre a protecção do altaneiro castelo de Leiria (construido por D. Afonso Henriques depois transformado pela rainha Santa Isabel e ao qual o arquitecto suiço Korrodi deu o o aspecto que tem na actualidade), as calmas margens do rio Lis cuja beleza tem sido enaltecida por poetas e escritores, o pinhal de Leiria (catedral verde e sussurrante que o poeta cantou) mandado plantar por D. Dinis para protecção das terras amáveis das areias que o vento arrastava...
As férias eram passadas numa das praias das proximidades, a Nazaré e visitas à quinta de familiares em Alcobaça, zona conhecida pela qualidade dos pomares a qual se atribui à ciência dos monges cistercienses que nesta região tão fértil desenvolveram a agricultura.
Muito cedo ingressei no Jardim Escola João de Deus, onde rapidamente aprendi a ler.
A minha escolaridade primária foi feita por professores particulares dos quais destaco o prof. Manuel Afonso. Frequentei também o Extemato Dr. Correia Mateus, dirigido pelas filha e neta do Dr. Bernardino Machado.
Era neste último colégio que tinham encontrado abrigo os professores expulsos da função pública em consequência da recolha de assinaturas em 1947 para a liberalização do regime do Estado Novo.
Com esta atitude perdeu o liceu, ganhou o colégio.
Aí viria a conhecer e a ser marcado por alguns espíritos livres que recordo com saudade.
A minha adolescência foi influenciada pelo forte espirito liberal que se vivia nesta pequena cidade do litoral, lugar obrigatório de passagem e paragem, cruzamento de estradas que ligavam o norte/sul e o este/oeste próximo de importantes praias (Figueira da Foz, S. Pedro de Mue1, Nazaré, S. Martinho do Porto) o que trazia muito movimento e muita gente do interior.
Formei-me num ambiente da época fortemente politizado e culturalmente muito rico. Os nomes Acácio de Paiva, Afonso Lopes Vieira, Lino António, José Saraiva e os filhos António José e José Hermano, etc, enriquecem o património intelectual.
Multiplicam-se os saraus de música, teatro, poesia.
Recria-se o Orfeão de Leiria com o seu grupo de teatro amador. O meu pai e muitos amigos estão ligados a estas actividades.
Fui vendo Fátima crescer e ganhar mais importância na vida espiritual portuguesa e mundial.
No pós guerra começa o desenvolvimento comercial e industrial de toda a região.
Frequento o liceu Rodrigues Lobo acompanhado pela minha aguerrida irmã protectora cujas vivacidade e simpatia me integra no grupo de amigas que ainda hoje se mantem. Bom aluno vou ganhando os prémios...»
7 comentários:
E já faleceu há muitos anos?
Seria um dia de alegria...
Beijinhos:))
Interessante o texto. Deixou algumas memórias?
Boa semana!
Isabel - Faleceu há dois meses. Bom dia!
MR - Deixou apenas um texto, de que retirei este excerto. Bom dia!
Então ainda é muito recente...
Beijinhos:))
Isabel - Muito. Beijinhos!
A fotografia é muito bonita.
E o texto também.
Neste 9 de Março lembrei-me muito da minha avó materna, teria feito 116 anos. Somos três gerações de mulheres do mesmo signo.
Se os meus avós não tivessem ido para Lisboa ainda a minha mãe era criança eu teria nascido na Beira; a vontade da minha mãe regressar às origens acabou por me trazer para cá.
Um abraço pela sua perda.
🌿
Maria
Maria - O meu sogro era um amor de pessoa e a sua avó também seria :-) e os restantes membros do signo também. Boa tarde!
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