domingo, 12 de fevereiro de 2012

A vida e a vida convertida em arte

Frank Weston Benson, Against the morning sky (1922) e Evening (1925).
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«A arte não é uma imitação da vida, mas a vida mesma 
E não se deve dizer a arte e a vida, 
Mas sim a vida e a vida convertida em arte»
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Ramalho Ortigão,
citado por Maria João Oliveira (1998).

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Décimo Júnio Bruto junto ao Rio Lima

Tapeçaria de Almada Negreiros, Décimo Júnio Bruto junto ao Rio Lima (c. 1955, Pousada do Monte de Santa Luzia - Viana do Castelo).
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Em pesquisas sobre outros assuntos, deparei-me com o projecto do arquitecto Jorge Segurado para o mobiliário e decoração do Hotel de Santa Luzia, que previa para uma das salas a realização de uma tapeçaria concebida segundo um cartão do seu amigo Almada Negreiros. Sendo o Hotel situado em Viana do Castelo, o tema escolhido para a tapeçaria foi a travessia do Rio Lima por Décimo Júnio Bruto, que terá ocorrido cerca do ano de 137-135 a.C..
Por coincidência, era uma lenda que eu já conhecia, pois o meu professor de História da Arte da Antiguidade referiu-a várias vezes nas suas aulas.
Décimo Júnio Bruto foi eleito cônsul em 138 a.C. e dirigiu as campanhas para estabilizar e castigar as tribos rebeldes do território ao norte do Tejo logo após a morte de Viriato. Chegou até ao rio Lima, que se julgava ser o Rio Lethes, o lendário rio do esquecimento. 
Na mitologia grega, o Rio Lethes era um dos rios do Hades. Beber das suas águas provocava o esquecimento de toda a vida passada, o que permitiria que as almas pudessem voltar a reencarnar.
Perante a recusa dos seus soldados em cruzar o rio, pelo temor de perderem a memória, Décimo Júnio Bruto atravessou-o primeiro e foi chamando os soldados um por um, pelos seus nomes. Estes, vendo que ele não havia perdido a memória, venceram o medo e atravessaram o rio.
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Bibl.: Acampamento Romano de Antanhol (Coimbra) (2011) e Ana Vasquez Hoys, El Limia, el Río del Olvido Gallego (2009).

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Magia


Scott Gustafson, Merlin & Arthur.
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«Le merveilleux est toujours beau, il n'y a même que le merveilleux qui soit beau».
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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sobre o riso

John Tenniel, Cheshire cat.
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«A day without laughter is a day wasted». 
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Nocturnos

Alphonse Osbert, Les chants de la nuit (1896, Musée d'Orsay, Paris).
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A lua vem toda nua
deitar-se à noite com mar,
e o mar canta a loa à lua
na maré-cheia do luar.

Ao corpo do mar ansioso
cola o dela a lua clara,
e deste beijo amoroso
só a manhã os separa.
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Afonso Lopes Vieira,
no Prosimetron (lembrado por MR).

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sobre a Paz

Walter Leistikow, Waldsee in Winter (1892, State Museum, Berlin).
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«One man with an idea in his head is in danger of being considered a madman: two men with the same idea in common may be foolish, but can hardly be mad; ten men sharing an idea begin to act, a hundred draw attention as fanatics, a thousand and society begins to tremble, a hundred thousand and there is war abroad, and the cause has victories tangible and real; and why only a hundred thousand? Why not a hundred million and peace upon the earth? You and I who agree together, it is we who have to answer that question.»
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Uma definição de cultura

Leonard Campbell Taylor, Japanese Prints - Portfolio.
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«... a cultura é, na sua maior parte, uma realidade oculta, que escapa ao nosso controlo e constitui a trama da existência humana».
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Maria da Conceição Lopes (2008), ciando Hall.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Porque a minha filha fez anos ontem

Marcel Marlier e Gilbert Delahaye, Anita e a Festa de Anos (1969).
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«C'est peut-être l'enfance qui approche le plus de la "vraie vie"».
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Brincando às casinhas...

Childrens Prints - Our Dollies (c. 1880).
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«Have nothing in your house that you do not know to be useful, or believe to be beautiful
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sobre o conhecimento

Fernand Arnal, Bruillard sur l'Oise (1905, Musee D'Orsay, Paris)
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« La plus grande faiblesse de la pensée contemporaine me paraît résider dans la surestimation extravagante du connu par rapport à ce qui reste à connaître. »
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domingo, 15 de janeiro de 2012

O que fazer num Domingo de chuva?

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Don't underestimate the value of Doing Nothing,
of just going along, listening to all the things you can't hear,
and not bothering.
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Winnie-the-Pooh / A. A. Milne.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Sobre o pensamento I

Frank Weston Benson, The Grey Room (1913).
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The thought manifests as the word;
The word manifests as the deed;
The deed develops into habit;
And habit hardens into character.
So watch the thought and its ways with care,
And let it spring from love
Born out of concern for all beings.
As the shadow follows the body,
As we think, so we become.
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Buddha.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Para o meu marido que faz hoje anos

Isidor Kaufmann, The Chess Player.
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«Thank you, darling, for learning to play chess. It is an absolute necessity for any well organized family».
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 Alexander Pushkin (numa carta para a mulher).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Gostei e partilho

No Presépio partilhou-se este prémio


e decidi entrar no jogo...

A - Amizade / Animais / Arte
B - Banda Desenhada / Branco (cor) / Brinquedos
C - Casamento / Cerejas / Chocolate
D - Design / Dragões marinhos
E - Eça de Queirós / Einstein (Albert) / Emanha (geladaria)
F - Família / Filhos / Florença
G - Ginginha / Gulbenkian
H - História / Histórias infantis / Hitchcock (Alfred)
I - Imaginação / Indiana Jones / Itália
J - Japonesa (arte e cultura) / Jô Soares / Jorge Luís Borges
K - Kant / Kandinsky / Klee
L - Leonardo da Vinci / Livros / Luz
M - Magia / Miguel Ângelo / Música
N - Natal / Natureza / Neve
O - Óbidos / Oscar Wilde
P - Papoilas / Paris / Pixar
Q - Queen (grupo musical) / Queijadas (de Sintra)
R - Rafael Bordalo Pinheiro / Relógios / Rembrandt
S - Santini / Sintra / Steven Spielberg
T - Tempo / Travesseiros (de Sintra)
U - Umberto Eco / Universo
V - Viagens / Vinicius de Morais / Voar (de avião)
W - Walt Disney / William Morris / Wolfgang Amadeus Mozart
X - Xadrez
Y - Yoda (Star Wars) / Yourcenar (Marguerite)
Z - Zebra / Zola (Émile)

E como a Sandra fez, deixo o prémio e o jogo aberto para quem o quiser levar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sobre a moderação

Abel Manta, O Violinista René Bohet (1930).
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"If you tighten the strings too much," the fisherman explained, "they will snap, and if you leave them too loose they won't play, but if they are tuned to the right point, then you will make music."
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Lenda de Buda.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre a esperança I

Pintura publicada na Gandalf Gallery.
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«You, the people have the power — the power to create machines. The power to create happiness! You, the people, have the power to make this life free and beautiful, to make this life a wonderful adventure».
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Charlie Chaplin.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Na alvorada de um Novo Ano

“There´s tools and colours for all of us,
to lend from nature to make the world
more understandable and beautiful”.
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sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano de 2012!

A. G. Sherwood Hunter, Jubilee Procession In a Cornish Village (1897, Royal Cornwall Museum).
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«Thousands of candles can be lighted from a single candle, and the life of the candle will not be shortened. Happiness never decreases by being shared».
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sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal a todos!

Scott Gustafson, Decorating the Wreath.
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Aqui fica a minha  canção de Natal preferida:
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Adeste, fideles, laeti triumphantes;
Venite, venite in Bethlehem.
Natum videte Regem angelorum.
Venite adoremus, venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum.
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domingo, 18 de dezembro de 2011

Menino Jesus do Céu

Menino Jesus Bom-Pastor (Museu Nacional Machado de Castro).
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Menino Jesus do céu
Escrevi-te um lindo postal
Para me mandares brinquedos
No dia de Natal

Menino Jesus do céu
De seda era o meu postal
Não te esqueça a minha rua
No dia de Natal!
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Canção de Natal.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Brinquedos

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Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição,
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!

Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!
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Miguel Torga.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Nossa Senhora do Rosário

Virgem do Rosário (séc. XVII, Museu Nacional de Arte Antiga).
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Gosto muito de imagens e esculturas em marfim e esta, em particular, fez-me lembrar a Ladainha de Nossa Senhora (Ladainha Lauretana) que é uma oração muito bela, repleta de imagens / símbolos, que foram muito utilizadas na arte. Aqui fica o excerto de que mais gosto:
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(...)
Espelho de perfeição,
Sede da Sabedoria,
Fonte de nossa alegria,
Vaso espiritual,
Tabernáculo da eterna glória,
Moradia consagrada a Deus,
Rosa mística,
Torre de Davi,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Rainha dos Anjos,
Rainha dos Patriarcas,
Rainha dos Profetas,
Rainha dos Apóstolos,
Rainha dos Mártires,
Rainha dos confessores da fé,
Rainha das Virgens,
Rainha de todos os Santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha assunta ao céu,
Rainha do santo Rosário,
Rainha da paz.
(...)
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Ladainha de Nossa Senhora (excerto)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Frutos de Outono

Juan van der Hamen, Still-Life with Fruit and Glassware (1626, Museum of Fine Arts, Houston).
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J'aime les fruits d'automne
La pomme, le raisin
Et la noix blanche et bonne
Qu'on mange avec du pain

J'aime aussi la châtaigne
Qui chante sur le feu
Et la figue qui saigne
Dans son bel habit bleu

Viens voir un beau jardin d'automne
Qui s'éveille dans le brouillard
Viens voir un beau jardin d'automne
Où le soleil s'est levé tard.
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domingo, 27 de novembro de 2011

Nós e os outros

Maxfield Parrish, The Lantern Bearers (1910).
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«In everyone's life, at some time, our inner fire goes out. It is then burst into flame by an encounter with another human being. We should all be thankful for those people who rekindle the inner spirit»
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Albert Schweitzer.
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Descobri esta frase no blogue The Dutchess e lembrei-me logo do texto de Laura Esquível sobre as «caixas de fósforos» no livro Como água para chocolate, que já citei aqui há um bom tempo.
Na verdade, também agradeço a todos aqueles que me vão aquecendo (e iluminando) o espírito, entre os quais certamente estão as pessoas da minha família, mas também os amigos - entre os quais contam-se aqueles que vou encontrando aqui na internet.
Neste período do Advento, que agora começa, já que este ano vai ser mais pobre em bens materiais, temos de valorizar os espirituais - e sobretudo a amizade e a solidariedade - por exemplo, como tem sido realizado nas campanhas do Banco Alimentar contra a Fome.

domingo, 13 de novembro de 2011

Da exposição na Gulbenkian

Paul Gauguin, Natureza-Morta com Leque (1889, Musée d'Orsay, Paris).
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Sempre apreciei de ver quadros com naturezas mortas, embora prefira a definição dada em inglês de still life. Para mim, o que fascina no tema é precisamente a tranquilidade transmitida pela representação de objectos organizados de uma forma esteticamente apelativa. Também me interessam todas as interpretações que se podem fazer a partir de quadros aparentemente tão simples - simbólicas, históricas, estéticas, psicológicas, etc.
Gostei muito de ver a exposição da Gulbenkian A Perspectiva das Coisas, quer a primeira parte, quer a segunda parte - actualmente em exibição. Entre as várias obras ali presentes, escolho apenas esta de Gauguin (pela simples razão de que achei lindíssima), que me parece influenciada por Cézanne.
A propósito desta exposição, deixo registada uma frase (do folheto), sobre Cézanne:
«O principal desafio que a arte da maturidade de Cézanne nos coloca é que façamos uma avaliação do que é coexistir com um mundo de coisas em nosso redor e de como percepcionamos e pensamos a realidade que se apresenta perante nós».
Acho que o mesmo se poderá dizer sobre grande parte das naturezas mortas da Época Contemporânea, pelo menos desde o final do século XIX.

domingo, 6 de novembro de 2011

Estão a chegar os dias mais frios

 Walter Gay, Blue and White (Musée d'Orsay, Paris).
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«Enquanto houver sôbre a terra homens, matéria combustível  maneira de a inflamar - nunca deixará o elemento fogo de exercer, pelo mágico bailado da labareda, eterna fascinação nas almas inquietas e sonhadoras. A lareira, enraizada no conceito ancestral da casa-mãe; o fogo caseiro, origem da palavra átrio - início e centro da habitação; - elementos venerandos que perdurarão no seu significado simbólico e no encantamento dos seus aspectos decorativos».
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Raul Lino (1933).

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Lugar da Casa

Claude Monet, The Artist's house at Argenteuil (1873, Art Institute of Chicago).
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O lugar da Casa
-
Uma casa que fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de Abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
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Eugénio de Andrade.
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Obrigada Ana pelo poema!

domingo, 30 de outubro de 2011

Outono

Mário Navarro da Costa, Porto de Leixões (1901, Pinacoteca do Estado de São Paulo).
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«I cannot endure to waste anything as precious as autumn sunshine by staying in the house.
So I spend almost all the daylight hours in the open air».

domingo, 23 de outubro de 2011

A Creche do Povo

Não me quero alongar demasiado sobre este assunto, até porque não consigo. Com muita pena minha a minha filha teve de sair da Creche do Povo (Torres Vedras) e tem sido um desgosto para mim. Espero sinceramente que ele venha a ser tão feliz na outra creche para onde vai como foi aqui. Quero agradecer e recordar para sempre algumas das pessoas que lá conheci, nomeadamente a Cláudia, a Teresa e a Ângela, da sala da minha filha; mas também a Catarina, a Cila e a Isabel, da sala do meu filho (que já foi para a primária e por isso já saiu da Creche este ano); e ainda o sr.Alvaro, o sr. João, a Joana, entre muitos outros.
Deixo aqui apenas algumas imagens da Creche e a sua história. A primeira fotografia é da Creche antiga, fundada em Dezembro de 1974, para dar apoio às mães que estavam a trabalhar. O novo edifício foi construído em 1999 e foi aquele que os meus filhos conheceram. Aqui fica uma imagem do hall de entrada.
Foi uma segunda casa para os meus filhos durante cerca de 3 anos e fico com muitas saudades. Mas tem de ser...
Aqui fica o bolo feito pela mãe de um colega do meu filho na festa de finalistas, em Junho deste ano:
Muito obrigada Creche do Povo!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sobre a necessidade de ter paciência...

Albert Anker, Peeling potatoes.
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«Patience and perseverance have a magical effect before which difficulties disappear and obstacles vanish».
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John Quincy Adams.

domingo, 18 de setembro de 2011

Sobre a esperança

Borissow-Mussatow, Zwei sitzende Damen (1899, Staatliches Russisches Museum).
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«All it takes is one bloom of hope to make a spiritual garden».
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Terri Guillemets.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Porque o meu filho está quase a entrar para a escola

Winslow Homer, School Time (1874).
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«The whole purpose of education is to turn mirrors into windows».
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Sydney J. Harris.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

Sobre a leitura

Károly Ferenczy, Red Wall (1910).
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O Homem que Lê
-
Eu lia há muito. Desde que esta tarde
com o seu ruído de chuva chegou às janelas.
Abstraí-me do vento lá fora:
o meu livro era difícil.
Olhei as suas páginas como rostos
que se ensombram pela profunda reflexão
e em redor da minha leitura parava o tempo. —
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz
e em vez da tímida confusão de palavras
estava: tarde, tarde... em todas elas.
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já
as longas linhas, e as palavras rolam
dos seus fios, para onde elas querem.
Então sei: sobre os jardins
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus;
o sol deve ter surgido de novo. —
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:
o que está disperso ordena-se em poucos grupos,
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas
e estranhamente longe, como se significasse algo mais,
ouve-se o pouco que ainda acontece.

E quando agora levantar os olhos deste livro,
nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
e aqui e mais além nada tem fronteiras;
apenas me entreteço mais ainda com ele
quando o meu olhar se adapta às coisas
e à grave simplicidade das multidões, —
então a terra cresce acima de si mesma.
E parece que abarca todo o céu:
a primeira estrela é como a última casa.
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Rainer Maria Rilke.

sábado, 10 de setembro de 2011

Sobre o silêncio

Carl Holsoe, Interior with a Cello.
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«O silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência como o mármore não talhado é rico em escultura».
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sábado, 3 de setembro de 2011

Lenda de Nossa Senhora da Nazaré

Columbano Bordalo Pinheiro e J. Pedrozo, Nossa Senhora da Nazaré (Museu Dr. Joaquim Manso).
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«Uma curiosa Lenda atribui o topónimo Nazaré a uma imagem da Virgem oriunda de Nazareth, na Palestina, que um monge grego teria trazido até ao Mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida, no século IV. No século VIII teria chegado ao Mosteiro o fugitivo Rei D. Rodrigo, último rei visigodo da Península Ibérica, depois da sua derrota, frente aos Mouros, em Guadalete. Aí teria encontrado Frei Romano que o acompanhou na sua fuga, trazendo com ele a imagem da Virgem e uma caixa com as relíquias de S. Brás e de S. Bartolomeu. Antes de morrer, Frei Romano teria escondido a imagem numa lapa, no Sítio, onde ficou guardada durante quatro séculos, sendo então descoberta por pastores, que a passaram a venerar.
D. Fuas Roupinho, alcaide-mor do Castelo de Porto de Mós, tinha por hábito caçar nesta região. Conta a lenda que também ele descobriu a imagem e a venerou. Algum tempo passado, uma manhã de nevoeiro, a 14 de Setembro de 1182, perseguia D. Fuas um belo veado quando o viu desaparecer no precipício. Alarmado pelo perigo, D. Fuas pediu auxilio à Virgem e logo o cavalo estacou salvando a vida ao cavaleiro. Em acção de graças, mandou D. Fuas Roupinho construir a Ermida da Memória.
Venerada desde então, a imagem teria dado origem ao nome do lugar – Sítio de Nossa Senhora de Nazareth».
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