O termo museu vem do grego museion, nome que era dado a um templo dedicado às musas, construído sobre a colina do Helicon de Atenas. Contudo, os museus actuais tiveram a sua origem nas grandes colecções reais e principescas que, ao longo da época moderna, se abriram progressivamente aos artistas e ao público. Foi durante o Iluminismo que apareceram os primeiros museus de arte, que se inseriam culturalmente «no grande projecto filosófico e político das Luzes: vontade dominante de "democratizar" o saber, de o tornar acessível a todos pela substituição de objectos reais às descrições e às imagens das recolhas de antiguidades, vontade, menos geral e menos afirmada, de democratizar a experiência estética» (Françoise Choay). Por outro lado, foi a par do desenvolvimento da ideia de património, que os primeiros museus se começaram a desenvolver, já que passou a existir uma preocupação não só com a protecção dos objectos que eram testemunho do passado, como também uma vontade de os catalogar e ordenar de forma a dar-lhes uma sequência e organização coerentes.
Durante o século XIX e início do XX os museus multiplicaram-se pelo mundo ocidental, servindo na afirmação de identidades nacionais. Em Portugal, foi a partir da segunda metade do século XIX, que a actividade museológica teve um impulso inovador com a criação de novos museus e formação de novas colecções. Na sequência do estabelecimento do Liberalismo em Portugal, foi criada em 1836 a Academia das Belas-Artes de Lisboa (Academia Real a partir de 1862). Essa instituição ocupou o espaço do Convento de S. Francisco e, para além de ter acolhido o ensino de Belas-Artes, recebeu ainda bens que o Estado incorporou por via da lei de extinção das ordens religiosas (1833), correspondendo aos conventos da zona sul do país. Por esta via, a guarda do espólio artístico do Estado ficou a cargo da Academia e a ele se foram juntando outras obras, incluindo as dos próprios académicos e doações. A colecção foi ainda alargada por outras vias legais, para além de eventuais doações e aquisições - com ajuda de dotações para o efeito, como a de D. Fernando II. Dessa colecção que se juntou com o tempo, foram escolhidas algumas obras, que formaram nos corredores e salas de S. Francisco uma galeria de arte que cedo se pensou vir a abrir ao público.
O marquês de Sousa-Holstein, Vice-Inspector abriu em 1868 (e até 1882) na Academia, uma Galeria Nacional de Pintura, da qual se fez publicar um catálogo. As obras expostas haviam sido seleccionadas por uma comissão de professores, que cuidaram das molduras e colocação das obras. A Galeria ficou instalada inicialmente em três salas, às quais foram depois acrescentadas mais duas - quatro delas ficariam depois para o Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Durante o século XIX e início do XX os museus multiplicaram-se pelo mundo ocidental, servindo na afirmação de identidades nacionais. Em Portugal, foi a partir da segunda metade do século XIX, que a actividade museológica teve um impulso inovador com a criação de novos museus e formação de novas colecções. Na sequência do estabelecimento do Liberalismo em Portugal, foi criada em 1836 a Academia das Belas-Artes de Lisboa (Academia Real a partir de 1862). Essa instituição ocupou o espaço do Convento de S. Francisco e, para além de ter acolhido o ensino de Belas-Artes, recebeu ainda bens que o Estado incorporou por via da lei de extinção das ordens religiosas (1833), correspondendo aos conventos da zona sul do país. Por esta via, a guarda do espólio artístico do Estado ficou a cargo da Academia e a ele se foram juntando outras obras, incluindo as dos próprios académicos e doações. A colecção foi ainda alargada por outras vias legais, para além de eventuais doações e aquisições - com ajuda de dotações para o efeito, como a de D. Fernando II. Dessa colecção que se juntou com o tempo, foram escolhidas algumas obras, que formaram nos corredores e salas de S. Francisco uma galeria de arte que cedo se pensou vir a abrir ao público.
O marquês de Sousa-Holstein, Vice-Inspector abriu em 1868 (e até 1882) na Academia, uma Galeria Nacional de Pintura, da qual se fez publicar um catálogo. As obras expostas haviam sido seleccionadas por uma comissão de professores, que cuidaram das molduras e colocação das obras. A Galeria ficou instalada inicialmente em três salas, às quais foram depois acrescentadas mais duas - quatro delas ficariam depois para o Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Por decreto de 19 de Novembro de 1875 foi nomeada uma comissão para propor ao Governo uma reforma do ensino das Belas-Artes e o plano de um museu. Em 1876 procurou-se um novo espaço e em Maio de 1879, Delfim Guedes, novo inspector da Academia, alugou por trinta anos um palácio às Janelas Verdes que fora de um Távora, Conde de Alvor, que havia passado depois para o marquês de Pombal. Em 1881 fez-se uma «Reforma das academias de bellas artes de Lisboa e Porto», sendo dividida a academia e a escola de Belas-Artes. No decreto era afirmado que um dos deveres da Academia era «Solicitar a reunião em um museu dos objectos de arte pertencentes ao estado», «Contribuir para a formação de um museu de bellas artes» e «Inspeccionar o mesmo museu, procurando por todos os meios ao seu alcance, enriquecel-o e desenvolvel-o». O Capítulo X era dedicado ao futuro museu: «Os quadros, esculpturas e mais objectos de arte, que actualmente existem na academia de bellas artes, formarão a base do museu que se crear para instrucção dos artistas e do publico».
Em finais de 1881 abriu no Palácio das Janelas-Verdes uma exposição de arte ornamental portuguesa e espanhola, organizada por uma comissão presidida por Delfim Guedes. Esse certame foi bastante procurado pelo público, o que mereceu ao Inspector da Academia o título de conde de Almedina (1882). Posteriormente, Delfim Guedes conseguiu instalar o museu nesse palácio, transferindo obras da Academia e adquirindo outras, pelo que o novo Museu de Belas-Artes era aberto ao público a 12 de Junho de 1884. O cargo de director era acumulado ao de director da Academia, sendo nomeado para conservador Manuel de Macedo, que foi o responsável técnico até 1915. Sucederam como directores do Museu António Tomás da Fonseca e António José Nunes Júnior. Apesar de todos os esforços, em finais de oitocentos, Ramalho Ortigão ainda reclamava um verdadeiro museu de pintura, dizendo que em Portugal não há «nem um Museu de pintura, coordenado, catalogado e etiquetado de maneira que comunique ao público, assim como em tôdas as outras capitais da Europa, a lição que um museu contém, há pelo contrário escaparates de aparatosos armazéns, que são para quem anda pelas ruas o contagioso exemplo da mais corrompida perversão, do mais provocante e pomposo relismo a que pode chegar o desvairamento do gôsto».
Em 14 de Novembro de 1901 era reorganizada a Academia, Museu e Escola de Belas-Artes, através de um decreto assinado por Hintze Ribeiro. Nele se afirmava o «papel fundamental educativo que a arte desempenha na orientação e na vida moral de um povo». No decreto explicava-se que seriam expostas no Museu as obras de arte antigas e as «Obras de Arte, modernas, nacionaes ou estrangeiras, de reconhecido valor». Mais concretamente dizia-se que estava em vista a «organização de uma sub-secção especialmente consagrada á exposição de trabalhos dos artistas portugueses contemporaneos».
Em finais de 1881 abriu no Palácio das Janelas-Verdes uma exposição de arte ornamental portuguesa e espanhola, organizada por uma comissão presidida por Delfim Guedes. Esse certame foi bastante procurado pelo público, o que mereceu ao Inspector da Academia o título de conde de Almedina (1882). Posteriormente, Delfim Guedes conseguiu instalar o museu nesse palácio, transferindo obras da Academia e adquirindo outras, pelo que o novo Museu de Belas-Artes era aberto ao público a 12 de Junho de 1884. O cargo de director era acumulado ao de director da Academia, sendo nomeado para conservador Manuel de Macedo, que foi o responsável técnico até 1915. Sucederam como directores do Museu António Tomás da Fonseca e António José Nunes Júnior. Apesar de todos os esforços, em finais de oitocentos, Ramalho Ortigão ainda reclamava um verdadeiro museu de pintura, dizendo que em Portugal não há «nem um Museu de pintura, coordenado, catalogado e etiquetado de maneira que comunique ao público, assim como em tôdas as outras capitais da Europa, a lição que um museu contém, há pelo contrário escaparates de aparatosos armazéns, que são para quem anda pelas ruas o contagioso exemplo da mais corrompida perversão, do mais provocante e pomposo relismo a que pode chegar o desvairamento do gôsto».
Em 14 de Novembro de 1901 era reorganizada a Academia, Museu e Escola de Belas-Artes, através de um decreto assinado por Hintze Ribeiro. Nele se afirmava o «papel fundamental educativo que a arte desempenha na orientação e na vida moral de um povo». No decreto explicava-se que seriam expostas no Museu as obras de arte antigas e as «Obras de Arte, modernas, nacionaes ou estrangeiras, de reconhecido valor». Mais concretamente dizia-se que estava em vista a «organização de uma sub-secção especialmente consagrada á exposição de trabalhos dos artistas portugueses contemporaneos».
Em 1905 abriu uma vaga na direcção do Museu de Belas-Artes e foi reunido o plenário da Academia presidido pelo Inspector, Visconde de Atouguia, de modo a ser eleito o novo director a ser proposto ao Governo. Nessa eleição, ganhou o professor de escultura, Simões de Almeida Júnior, ficando Carlos Reis em segundo lugar. No entanto, um ofício do Ministro do Reino alterou a escolha e comunicava que seriam divididas as direcções do Museu e da Escola, ficando Simões de Almeida como director da última e Carlos Reis como director do Museu de Belas-Artes. Com a ajuda de José de Queirós, erudito ceramólogo e coleccionador, em Maio de 1911 era aberta a sala de Cerâmica e Vidros do Palácio das Janelas Verdes, que granjeou à direcção do Museu elogios dos congressistas participantes no Congresso de Turismo que funcionava na altura. Uma das preocupações iniciais da Comissão Executiva relativas ao Museu foi a realização de um catálogo completo, que apesar dos esforços de inventariação demorou a surgir, tendo sido publicadas duas edições do «Catálogo de Pinturas» (1883 e 1889). Em 1906 era posto à venda o Catálogo dos Desenhos do Museu Nacional de Belas-Artes e, em Outubro de 1910, Carlos Reis remeteu ao Inspector da Academia o texto do Catálogo da Secção de Pintura do Museu das Janelas Verdes. Davam-se assim os primeiros passos na museologia e salvaguarda do património em Portugal.
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