Gravura baseada numa escultura de Soares dos Reis, A Infância do Artista (obra premiada na Exposição Universal de Paris, 1878).
Gravura de O Occidente, n.º 19 (1/10/1878), edição digitalizada disponibilizada pela Hemeroteca Digital.
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Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas linhas as linhas com que Deus faz uma flor!
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Almada Negreiros.
2 comentários:
A partir da escultura de Soares dos Reis cheguei à prosa poética "A Flor" do Almada Negreiros.
Obrigada por hoje me dar oportunidade de o ler, é um dos meus poemas /prosa favoritos!
:)
Eu partilho o mesmo gosto. Bjns!
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