«Era antigamente o povo quem dava os nomes às ruas das povoações, e em Lisboa estavam sempre essas denominações ou relacionadas com os nomes, alcunhas ou profissões das pessoas ou entidades que nessas ruas moravam ou tinham propriedade, ou subordinadas a qualquer particularidade inerente ao local, ou a algum edifício profano ou religioso que nelas existia, ou nas vizinhanças».
(...)
«Só muito excepcionalmente eram atribuídos nomes às ruas para consagração de pessoas. (...)».
«Foi a primeira a Rua Nova de El-Rei, em honra de D. Afonso V, em cujo reinado ela foi aberta, cêrca do ano de 1466, sôbre a vala ou rêgo das imundícies, que, atravessando diagonalmente o vale da Baixa, ia lançar no Tejo os esgotos que vinham desde Andaluz e Arroios. Esta cobertura do rêgo representou um considerával melhoramento para a cidade, mas a denominação pouco tempo durou, até cerca de 1586, pois que foi substituída pela Rua dos Ourives do Ouro, artífices que nela se foram instalar».
«Foi a outra a Rua Nova do Almada, que o povo assim cognominou em reconhecimento ao presidente da Câmara Rui Fernandes de Almada, que em 1665 teve a iniciativa de a mandar abrir, demolindo prédios, e melhorando enormemente a circulação citadina no local».
(...)
«Logo no princípio do século XIX foram os nomes das artérias da cidade consignados ou fixados oficialmente na Regulação para o estabelecimento da pequena posta, caxas e portadores de cartas em Lisboa, a 7 de Maio de 1800».
«A atribuição de dar nomes às ruas deixou de ser privilégio do povo, e passou de facto para o Poder Central (...)».
(...)
«A atribuição de baptizar as vias públicas de Lisboa passou para a Câmara Municipal, pelo Código administrativo de 6 de Maio de 1878 (...). A Câmara, imitando o que se fazia no estrangeiro, começou, no último quartel do século XIX, logo em 1878 a dar às ruas os nomes próprios (...) de pessoas notáveis (...)».
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A. Vieira da Silva.
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