quarta-feira, 1 de abril de 2009

Se eu fosse pintor

Pintura de António Carneiro, Porto Manso (O Rio Douro em Ancede) (1927, Museu do Chiado, Lisboa).
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«(...) Se eu fosse pintor, dava isto com três brochas cheias de tinta - uma pincelada, maior, para o mar azul que não tem fim, até à linha doirada do areal - outra para o mar verde e raso dos milharais (...) - outra enfim verde-escura para o biombo recortado que cinge esta faixa desde Caminha à foz do Lima. Por fim, dois ou três toques para os montes ensaboados, muito ao longe, e um outro, lilás, para um ponto que tremeluz e é talvez Esposende, ou talvez não exista... Fim de tarde. É a hora em que anda errática não sei que alma extasiada e os montes se tornam transparentes como nuvens. Até aquele morro espesso empalidece e desmaia... Mistura-se pó verde lá longe na água, e um vulcão de fogo entre nuvens torna o horizonte apoteótico».
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Raul Brandão.

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