Pieter de Hooch, The Bedroom (1658-60, Kunsthistorisches Museum, Vienna).
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Quando olhei pela primeira vez para esta pintura de Pieter de Hooch, pensei que era um belo exemplo das representações de interiores dos quadros holandeses, com as suas características típicas, de riqueza de luz e de detalhes realistas. Notei no chão que se abre para o espectador que se sente convidado a entrar. Reparei na senhora, a fazer a cama e na criança que está junto da porta, numa atitude claramente infantil e alegre. Vi ainda que os diferentes espaços são bem marcados, mas ligam-se entre si: o espaço da acção que está junto do espectador, que é o espaço interior e familiar; o espaço intermédio, da entrada; o espaço exterior, que está no ponto de fuga da composição, que mostra uma varanda, deixando entrever uma paisagem com árvores e casas. O nosso olhar é levado para esse exterior, mas retorna para o interior. Não deixa de ser significativa a presença sobre a porta de um quadro com uma paisagem que reforça a paisagem da janela e nos traz de volta para dentro do quarto. Num segundo olhar, notei nas cadeiras que também surgiam nos retratos de Rubens e Van Dyck. Fiquei a pensar que deveriam ser um objecto caro, mas relativamente comum. Provavelmente indicavam que esta se tratava de uma casa simples, mas com algum estatuto e conforto. Em termos pictóricos, estas cadeiras com as decorações em dourado fazem uma perfeita ligação às vestes da criança. Num terceiro tempo reparei que a moldura da porta intermédia e da porta exterior compõem o desenho de uma cruz. Assim, se consegue transmitir uma noção de religiosidade dentro da vida quotidiana, o que é uma característica da pintura holandesa depois da adesão ao Protestantismo.
5 comentários:
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Achei primoroso o detalhe atento da sua descrição, Margarida. Até porque enriquece o que cada um (outro) vê.
Obrigada!
Margarida,
Excelente viagem do quadro visado.
Nunca tinha visto uma cruz na porta exterior.
Parabéns!
Os diferentes planos passaram a ser mais vincados.
Beijinho. :)
Obrigada Ana! Bjs!
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