terça-feira, 29 de março de 2011

O Jardim


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O Jardim 
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Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.

Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.
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António Ramos Rosa.

5 comentários:

ana disse...

So beautiful and so quiet!

Acho que o inglês expressa melhor esta sensação de beleza e serenidade. Belo, muito belo!
Bjs. :)

M.Narbon disse...

Que placer, quien pudiera tener un jardín para disfrutarlo!!!

Me ha hecho sonreir la señora que está cosiendo a máquina en el jardin :O))

Margarida Elias disse...

Ana: É verdade, são imagens bem serenas. Bj!

M. Narbon: Também achei graça a esse detalhe da senhora a costurar. É uma actividade que nunca imaginaria fazer num jardim.
Gostava de ter um jardim, mas não tenho. Para já só os jardins das pinturas (ou os jardins públicos).

Presépio no Canal disse...

Ai... (suspiro) que beleza, que beleza de jardim! Vou ja para ai! (pronto, ja entrei na tela ;-)
Beijinhos e gostei muito do pormenor da costura :-)

Margarida Elias disse...

Sandra: Vamos todos! Aquele jardim está muito convidativo! Bj!:)