Teresa de Sousa, Noite de Natal (1958, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea - Link)
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Sem entrar em questões que se prendem com as possibilidades económicas, é interessante notar na maneira como o Natal é vivido de formas diferentes, quer em diversas regiões, quer de família para família numa mesma localidade. Há costumes que se têm globalizado, quer pela circulação de pessoas, quer através dos meios de comunicação e divulgação cultural. Mas há rituais ou hábitos que divergem. Numa revista do Agrupamento D. Filipa de Lencastre, Zine Especial Natal 2013, encontrei alguns testemunhos interessantes, que demonstram bem como o Natal pode ser muito diferente consoante os países, mas por vezes com coincidências engraçadas. Num testemunho referente à Alemanha, é dito: «O Natal na Alemanha é bastante semelhante ao Natal em Portugal» (p. 16). Outro testemunho, sobre o Reino Unido, assinala aquilo que eu já suspeitava «não gostámos de comer Christmas Pudding» (p. 15) - eu também não devo gostar.
É de supor que as diferenças no viver do Natal tenham rareado com o evoluir dos tempos. No séc. XIX, Ramalho Ortigão registava a diferença entre o Natal da sua infância e o da sua maturidade, escrevendo também sobre a diferença entre o Natal de Lisboa e o Natal minhoto do seu tempo (As Farpas, Tomo I, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1942, p. 69 e ss.). No António Maria de 30 de Dezembro de 1880, também se assinalava a diferença entre o Natal do Porto e o de Lisboa, referindo que o primeiro era mais uma festa de família, enquanto o segundo era mais uma festa da Igreja.
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Eu, com 43 anos e vivendo quase toda a vida em Lisboa, tenho testemunhado diferentes maneiras de viver o Natal, mesmo sem contar com aquilo que vou lendo e vendo na televisão, cinema, livros, revistas e internet. O Natal era diferente na casa dos meus avós paternos e maternos, na casa dos meus pais e, agora, na casa dos meus sogros. Porém, em todas essas casas era o Presépio e o Menino Jesus que eram os principais protagonistas dos festejos - costume esse que deve remontar a São Francisco e ao séc. XIII.
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Giotto, San Francesco d'Assisi Preparazione del Presepe di Natale a Grecchio (1297, Igreja de São Francisco, Assis - Link)
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Na casa dos meus avós paternos cantava-se junto do Presépio e colocava-se um sapatinho na chaminé (ou lareira), costume que, agora descobri, também existia em França (bem como noutros locais, com algumas variações). Era também o Menino Jesus que trazia as prendas e não o Pai Natal.
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O costume de ir à missa do Galo só encontrei em casa dos meus sogros, embora, evidentemente seja um costume antigo e eminentemente católico.
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Irmãos Limbourg, A Missa de Natal, in Très Riches Heures du Duc de Berry (Link).
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Um costume que eu aprecio bastante é o de iluminar as ruas. Nesta época, os dias são curtos, a noite cai cedo, e sabe bem ver as ruas iluminadas com motivos alegres e festivos.
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4 comentários:
Margarida,
O meu Natal era parecido com o dos seus avós. O Presépio era o centro das atenções e o pinheiro ficava próximo.
Colocávamos o sapatinho e no dia seguinte abríamos os presentes. :))
A ceia de Natal era muito importante mas nunca fui à Missa do Galo, tinha tios que iam mas nós nunca fomos.
Parabéns por esta postagem.
Beijinhos. :))
Obrigada Ana, Bjns! :)
E as iluminações de Lisboa estão bonitas? Ainda fazem a árvore?
Sandra - Este ano acho que as iluminações estão melhores, pois nos anos anteriores isto andava muito tristonho, devido à crise. A árvore da Praça do Comércio ainda não vi, mas julgo que fizeram e grande, pelas fotografias. Bjns!
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