quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Sobre o aquecimento das casas portuguesas

Norman Rockwell, Man seated by a Radiator (c. 1935)
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Um tema que me ocupa bastante no Inverno e, por acaso, a minha casa actual nem é muito fria, pois já estive em outras bem piores. No entanto, depois de meditar no assunto, já concluí que a melhor forma de climatizar uma casa é com ar-condicionado, embora seja certamente a mais cara e a menos ecológica. Há uns tempos andei a ler relatos de estrangeiros sobre Lisboa, no século XIX, e queixavam-se sempre do frio no Inverno.
Ruders, que era sueco, dizia, em 1799: «Entre os incómodos que nesta época do ano afligem os estrangeiros, a falta de fogões não é a menor (…)». / «(…) A minha hospedeira teve por isso a bondade de me mandar aquecer os meus aposentos à portuguesa. Emprega-se, para isso, uma espécie de bacia de pedra cheia de brasas, as quais se abana com um aparelho semelhante a um leque». Em 1802, voltava ao tema: «O frio português, contudo, nem sempre é para desprezar. Desde começos do Natal, até meados de Janeiro, gelam em casa e fora dela os habitantes de Lisboa (…)». O tema surge noutros autores, mesmo mais tardios, e julgo que, mesmo ao fim de 200 anos, ainda não o resolvemos totalmente, como se pode ver num artigo que li na revista do Expresso, de 16 de Fevereiro passado.
Eu francamente não me considero friorenta, mas lembro com saudade a lareira na quinta dos meus avós e gosto de mesas de camilha com braseiras eléctricas por baixo. À falta disso, faço como o senhor da pintura do Rockwell.
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Carl Israel Ruders, Viagem em Portugal 1798-1802, Vol. I, tradução de António Feijó, Lisboa, Biblioteca Nacional, 2002.

8 comentários:

APS disse...

Muito oportuna, a questão.
É um facto que aquecemos mal as nossas casas e, sobretudo, com a velhice (nossa) o desconforto acentua-se. E é também verdade que, apesar dos inconvenientes ecológicos, o ar condicionado é a melhor solução. Só que, com o seu uso, sobretudo no Inverno a factura da EDP duplica...
Teremos que nos habituar, como na Alemanha (que eu conheço melhor), a uma segunda renda mensal no Inverno... de energia.
Também gostei do seu Rockwell.
Bom dia.

Margarida Elias disse...

APS - Pois, é a única maneira. A não ser que a construção das casas (ou remodelação das antigas) consiga encontrar melhores soluções. Bom dia!

PNLima disse...

A imagem é perfeita para o tema!
Bom dia

Margarida Elias disse...

Paula - Obrigada! :-) Bom dia!

MR disse...

As casas portuguesas não estão preparadas para o frio nem para o calor. Mudei de janelas e senti uma diferença enorme.
Toda a gente me diz que o ar condicionado é mesmo assim mais económico que os aquecimentos a óleo.
Gosto do Rockwell.
Bom dia!

Margarida Elias disse...

MR - Acho que a minha casa está relativamente bem protegida do frio devido às janelas, que são muito boas. Bom dia!

LuisY disse...

Margarida

As casas portuguesas são como aquele anúncio de sapatos, que passava na TV há muitos anos, frias no inverno e quentes no Verão.

Pessoalmente odeio o ar condicionado, que faz um mal horrível à garganta. Já trabalhei em ambientes com ar condicionado e apanhava gripalhadas horríveis.

Creio que umas das boas soluções para o frio é mandar pôr vidros duplos, que isola a casa e mantem o calor dos aquecimentos a óleo. O meu problema é mais o calor, pois vivo numa água furtada lá me vou aguentando com três ventoinhas ligadas em simultâneo.

Em todo o caso o problema disto tudo é a EDP, que cobra facturas milionárias e gasta o nosso dinheiro na construção de edifícios faraónicos.

Um abraço e bom Domingo

Margarida Elias disse...

LuisY - Embora seja péssimo para a ecologia, já trabalhei num sítio com ar condicionado e confesso que gostei. A minha casa tem vidros duplos e não é muito fria, mas no verão é um bocado quente. E as facturas da EDP não ajudam nada (nem para os aquecedores, nem para as ventoinhas), muito pelo contrário. Bom Domingo!